ARKIVÃO

ARKIVÃO - espaço para reunir o que vou escrevendo ao longo do tempo, e que se encontra espalhado por aí; arkitectura, referências a terra de origem, divagações disléxicas; tentativa de organização, mas sem critério e por vezes sem cronologia; organização anárKica, incompleta, de conversa da treta, assinada através de diversos pseudónimos.... mas nem tudo estará aqui. Anabela Quelhas

Monday, November 27, 2006

INFERNO COLONIAL

"O terrorrista não é um soldado (...). Está mais próximo do assassino do que do militar. Segundo a ética dos exércitos, um combatente aprisionado sem uniforme é fuzilado. Mas é importante fazer prisioneiros.(...)
O terrorrrista deve pois ser interrogado com eficácia. (...)Procedendo desta maneira, nós conseguiremos descobrir onde se esconde a sede do terrorrismo e onde a destruir. Se não obtivermos estas informações, é porque somos incapazes e irresponsáveis.
Deve dar-se-lhes a oportunidade de falarem por sua própria iniciativa. Mas se não o fizerem, será preciso adoptar medidas eficazes que o convencerão rapidamente a colaborar, até ao ponto de ser fuzilado, como a ética militar preceitua, com respeito a todo o combatente aprisionado sem identificação da sua unidade.
Não se procura propriamente torturar, trata-se apenas de uma questão de eficácia. (...)"
(Circular do exército português)
"Todo o português como todo o individuo de outra nacionalidade residente no território português que intencionalmente, por discursos pronunciados em reuniões públicas ou por manifestos, brochuras, livros, jornais, ou outras publicações destinadas a ser vendidas ou distribuídas gratuitamente ao público, difundam falsas informações a fim de demonstrar a existência de escravatura ou de tráfico de escravos nas colónias portuguesas, será punido com multa de 2000$ a 20000$ ou com prisão maior até dois anos, e poderá ainda ser expulso do território português."
(Código de Trabalho dos Indígenas das Colónias Portuguesas da África, 6 de Dezembro de 1928 )
"Num só ponto devemos ser rigorosos quanto à separação racial: no respeitante aos cruzamentos familiares ou ocasionais entre pretos e brancos, fonte de perturbações graves na vida social de europeus e indígenas e origem do grave problema do mestiçamento, grave, digo, senão sob o aspecto biológico, tão convertido (...), ao menos sob o aspecto sociológico."
(Marcelo Caetano, Comunicação à Colónia de Moçambique, por intermédio do Rádio Clube local, 7 de Setembro

Wednesday, November 22, 2006

INFERNO COLONIAL

"Chinteya, uma rapariga de quatro anos, assustada, chora. Um soldado, simulando compaixão, aproxima-se e, acariciando a criança, pergunta-lhe se está com fome. Sem, porém, esperar a resposta, continua: «Toma o biberão.» E, metendo à força o cano da arma de fogo na boca da criança, diz:«Chupa!» e dispara. A criança cai com um rombo na nuca.Não foi Chinteya a única vítima tratada assim; várias outras tiveram a mesma sorte."
(Do relato dos padres da missão de S. Pedro sobre os massacres de Tete de 16/9/72)
"Para um negro que mata um branco só pode haver uma pena cujo efeito seja proveitoso - a pena de morte hoje desterrada dos nossos códigos."
(Mouzinho de Albuquerque."Moçambique, 1896-98, vol II")
"E se pode julgar a máquina de gentio que têm estes reinos (do Congo), pelo que diremos que haverá cem anos que se começou a conquista destes reinos e têm ido um ano por outro despachados deste porto oito a dez mil cabeças de escravos, que são quase um milhão de almas."
(António Oliveira Cardonega, "História Geral das Guerrras Angolanas", 1680.)
editado em www.sanzalangola.com em 8/09/2006

Friday, November 17, 2006


"Manteve-se (...) a escravatura em Angola e noutras colónias africanas quase até aos presentes dias. Encoberta, camuflada, sofismada, ela continuava a existir, e de certo desmereceria se não afirmasse que a fui encontrar sob diversos nomes ou disfarces na província do Ultramar português que, em 1912 e anos seguintes, governei (Angola)."
Norton de Matos , Memórias e trabalhos da minha vida , III volume, 1944

"Como os africanos são os mais lascivos de todos os seres humanos, não será de crer que os gritos que soltam quando os arrancam dos braços de suas mulheres resultam apenas de receio de nunca mais terem oportunidade de satisfazer as suas paixões lá na terra para onde os embarcamos? "
(Panfleto publicado em Liverpool, 1792)

"O que se percebe mal é que o ministro da Defesa, com toda a sua força que resulta das suas funções, não possa por cobro a uma situação que, tarde ou cedo, acabará por se reflectir na energia e coragem com que o povo português tem estado a lutar na guerra que lhe é imposta por inimigos do exterior."
(Sá Viana Rebelo, em Jornal Português de Economia e Finanças, Janeiro de 1973)



" Só seremos capazes de manter um domínio branco em Angola e Moçambique, que é um objectivo nacional, se o povoamento branco for em ritmo que acompanhe ou ultrapasse ligeiramente, pelo menos a produção de negros evoluídos, porque se acontece o contrário, se o povoamento for ultrapassado pela produção de negros evoluídos, então passar-se-ão fatalmente duas coisas: ou instalamos o 'apartheid', que será terrível para nós e no qual não nos aguentaremos, ou teremos governos negros."
(Kaulza de Arriaga, "O problema estratégico português", vol XII das lições de Estratégia do Curso de Altos Comandos)

(continua)

INFERNO COLONIAL

Apresento-vos uma das minhas intervenções no site sanzalangola, a que denominei por INFERNO COLONIAL talvez a mais polémica de todas, que pôs muita gente a pensar, e contribuiu para levar à ebulição, alguns ódiozinhos que habitam nas mentes e nos corações de muitos, e que teimam em permanecer.

Anabela Quelhas


Este é o 3º fio que abro nesta sanzala, e provavelmente o último.
Desde há 3 anos a esta parte, que navego por esta sanzala, espreitando aqui e ali, assistindo a conflitos, a guerrinhas virtuais, makas, bate-bocas, detectando por vezes vestígios de um certo espírito neocolonialista que teima em permanecer no mais íntimo de muitos.
Por diversas vezes senti vontade de abrir este fio, mas contive-me. Agora, chegou a hora!
Somos brancos de 1ª, brancos de 2ª ou mestiços?
Todos nós somos na verdade uma misturada de raças, mestiços do século XXI, descendentes de europeus que partiram à descoberta do mundo, há alguns séculos atrás.
Saberemos bem quem foram os nossos antepassados?
Seremos capazes de assumir sem complexos e de forma inteira esta herança maldita?
O objectivo deste fio não será gerar discussão, diálogos, mas sim de registo, de constatação e reflexão, pois o processo histórico, dizem, que é inquestionável.
Não temos que nos penitenciar, reduzir a auto-estima, temos que saber quem somos e reconhecer o lado maldito deste passado.
Prometo não responder a ninguém, nem ceder, como é meu hábito, a provocações dentro ou fora desta sanzala, caso contrário, este fio seria rapidamente encerrado.
Limitar-me-ei a ir passando por aqui e silenciosamente deixar como registo a transcrição de excertos de documentos. Irei apoiar-me, logicamente em trabalho seriamente investigado, mas pudicamente divulgado.
A ordem cronológica pouco importa, assim como não interessa se o que transcrevo se refere a Angola, Brasil, Índia, Guiné, Moçambique, Cabo Verde ou Timor, até porque
"...o fedor dos mortos na cidade de Mombaça saqueada por D. Francisco de Almeida em 1505 é o mesmo fedor dos cadáveres dos camponeses massacrados a napalm na Baixa de Cassange em 1962 - é um fedor que ainda hoje nos agonia, nos dificulta a respiração como povo"... e nos turva a alma, mas que será capaz de evitar a proliferação de pretensos neocolonialismos e o branqueamento de diversas páginas da história.
Será que esta sanzala estará preparada para simplesmente ler?
(continua)

Sunday, November 12, 2006

Ensaio sobre o belo


Reflectir sobre o belo é um exercício que nos faz bem à alma, essa parte de nós, incomensurável, que todos temos; desconhecemos se será eterna ou não, mas sabemos que se alimenta também daquilo que é belo, dado que a sensibiliza pela positiva.
Por mais teorias que se construam, e existem muitas, tratados até, versando o belo, o perfeito, o estético, o ideal, a verdade,... pensar no mais belo, leva-nos invariavelmente aos caminhos da vida e aos truques de ludibriar a morte.
Assim, o mais belo será o nascimento dos nossos filhos, ou a possibilidade de salvar alguém da morte - essa é a beleza extrema que está ao nosso alcance.
O nascimento dos nossos filhos, temos a possibilidade de o experimentar algumas vezes, uma, duas, três, e reviver esse facto ao longo da vida.
Salvar alguém, trocar as voltas à morte, é algo de supremo, que só o podem experimentar, alguns privilegiados. Alguns fazem disso profissão, para eles a minha incondicional admiração.
Depois temos o belo, num segundo patamar, mais abrangente, variantes de menoridade do belo, como o gracioso, o lindo, o encantador, o bonito, uma segunda escolha que realizamos na interacção com a nossa existência, mas que nos beija a alma também. O belo pode ser formal, ter limites, contornos, cor, textura, expressão, estrutura... ter peso, massa, medidas. Podemos vê-lo, através do olhar... podemos senti-lo através dos outros sentidos também. O belo também se pode assumir ausente de uma forma concreta, possuindo expressão emocional, mas rapidamente se coloca no tal patamar de excelência, capaz de despertar harmonia e a sensação de prazer, subjectiva e desinteressada.
Avaliar o que é belo é traçar caminhos sem consensos, pois as opções, as escolhas são actos subjectivos, resultam da sensibilidade de cada um, da sua identidade pessoal, da forma como cada um recebe os estímulos exteriores e os reconstrói na malha dos seus conhecimentos e emoções, sempre diferente de individuo para individuo.
O belo nem sempre é o razoável, o conhecido, o determinado, o habitual, o concreto, o explicável, o previsível... ... o belo pode ocupar um espaço e um tempo ideal, localizado mais á frente do vulgar e do comum, e nada ter a ver com a dialéctica entre a verdade e a mentira, entendidas num dado momento, com o certo e o errado, a eterna dicotomia, e mais uma vez, com o bem e o mal.... o que é belo hoje, pode não o ser amanhã, o que é feio para uns, pode ser espectacular para outros.
O belo resulta de uma reflexão subjectiva, contemplativa, que não interfere com as qualidades reais daquilo que se avalia, mas sim como o próprio sujeito que realiza essa avaliação e se sensibiliza.
O belo mais do que supremo, inatingível, elevado ao mais alto grau será o sublime; aquilo que a imaginação não consegue abarcar, dada a sua dimensão infinita, intemporal, de grandeza ilimitada: o próprio universo, englobando o infinitoinvisivelmente pequeno e infinitodesmesuradamente grandioso.
Anabela Quelhas
editado em www.sanzalangola.com em 1/09/06

Thursday, November 09, 2006

Guerra das cidades


A guerra com que se entretêm e divertem os meus vizinhos sanzaleiros, faz-me recordar aquela pequena guerra: o meu Porche é melhor que o teu... mas eu também tenho um Mercedes Benz, um Matra Sinca e um Lamborghini ... que afinal não nos leva a rigorosamente nada!
No entanto é uma guerra saudável porque nos faz despertar as inquietações e as emoções que nos ligam aos lugares, aos sítios, às ruas...que por coincidência ou não, se centram num país, único no mundo, ANGOLA.
O que nos faz apreciar mais uma cidade do que outra?
Opção puramente estética?
O equilíbrio existente ou não, entre os espaços construídos e os espaços livres?
A ortogonalidade característica da malha urbana das cidades tipicamente novas?
A arquitectura orgânica ou a arquitectura planeada? A toponímia? A gastronomia?
O futebol?
As árvores que sombreiam as ruas?
A história que emerge em cada esquina?
Serão estes os parâmetros que nos fazem oscilar entre os conceitos de o mais ou menos bonito?...
bebo serenamente o meu chá verde, gostosamente lapis lazúli...
Cidades - povoações de maior categoria de um país, áreas urbanizadas, áreas mais densamente povoadas.
O que nos faz gostar menos de uma cidade?
A ausência de limpeza do espaço colectivo?
As cores do pôr-do-sol espelhadas nos vidros das janelas?
O cheiro das lixeiras?
Os desamores que lá se vivem?
O tempo que se perde sentado a um volante?
Porque se gosta mais desta do que aquela? Consegue-se conversar com umas e não se consegue escutar as outras?
Como funciona isto?
A diferença estará nas pessoas que lá habitam, os seus usos e costumes?
Ou será uma questão de pele, propositadamente irracional, que mexe com os cinco sentidos, os nossos?
Será o apelo do cordão umbilical que nos pressiona a construir raciocínios ausentes de lógica, indicadores de opções profundamente sentidas, e emocionalmente paradigmáticas?
Já estou como o outro, quando lhe agrada um local... já fui muito feliz em Vila Nova de Mil Fontes!
Eu já fui muito feliz no Porto, em Coimbra e em Lisboa... LOLOLO. Tento sempre ser feliz em Barcelona, imagino-me feliz em Sounion, fui ingenuamente feliz em Luanda.
Espreito a felicidade sempre que transformo algo, numa existência renovada...toque de Midas? ...uffff nem tanto...Será uma soma de tudo e ou de coisa nenhuma?....
Luanda além de ser morfologicamente bonita, fotogenicamente bela, tem história, tem cheiro, tem contrastes, tem sentimento, tem sangue nas veias, é o ortocentro de África... e é essencial que contenha a minha infância e adolescência, para que se converta numa expressão matemática Verdadeira, traduzida nos eixos xis e ipsilones dos meus afectos, através de uma curva parabólica que supostamente deveria limitar um oceano, mas que afinal se circunscreve apenas no eixo z.
Complicado?
... afinal a terra é redonda!
...é o cordão umbilical a gritar mais alto!
...são as corridas de criança por entre os mangais,
...é a flor de acácia no cabelo,
...é a pesca à linha na Restinga
,...é o churrasco no Kuanza,
...são os meninos do Panguila,
...é o preto Jerónimo (1),
...são os mergulhos na Barracuda,
...é a turma da Vila Alice,
...é a esplanada do Mónaco,
...é o gelado na SAPU,
...é o lanche na Versailles,
...é a onda inesquecível do pessoal da rádio
...é o merengue mornamente dançado,
...é a musica da Bonzão,
...é a desatada da sangria,
...são os westerns do Kipaka
...são as estreias do Império,
...é a Fuentovejuna no Avenida,
...é o figo da índia da Eugénio de Castro,
...são as apaixonites da Combatentes,
...é o beijo no Miramar,
...são as meninas LGL nas suas minis,
...é o abandonar do soutien,
...é a idade das escolhas e da politização,
...é o poster do Che,
...são as novidades vindas de Paris,
...é a Alliance Française,
...são os carrinhos de rolamentos
...é a rampa das Ingombotas.
..são as idas ao fardex da Casa Branca,
...é a matacanha no dedão,
...é a subida ao coqueiro,
...são os livros proibidos,
...é o Carnaval na marginal,
...são as esperas no aeroporto,
...é o aroma forte de fuel de avião,
...é o jogo do abafa,
...Oi JACARÉ, JACARÉ
...é o néon da Tamar,
...é o rock dançado na Adão,
...são os autógrafos na Tara,
...é o imaginário do BO,
...é o observatório da Mulemba,
...é a colega Vandunem,
...é o aterrar constante dos helicópteros...
é o hospital militar,
...são as loiras do Punta del Paso,
...são as calças com boca de sino
...é o missionário italiano,
...são as queimadas de capim,
...são as visitas a Massangano,
...é a estrada de Catete,
...é o cheiro do Cacuaco,
...é a Dodge estacionada,
...é a gincana do 9 de Junho
...é uma osga no tecto,
...é o camaleão na parede,
...é adrenlina em cima de um Buggy,
...são as BDs em 2ª mão,
...é a dança do Jacob (2),
...é o prego do Majestic,
...é a rebita na cubata do Gasolina,
...éhh bananéeee, bananéeee&...
é a muamba do fundo de quintal,
...é a conversa com Segunda Jamba (3),
...é o misturar de areia e cimento numa obra qualquer,
...é o esticar do aço no Kikolo,
...é a moagem da farinha,
...é o desconfiar que nem tudo corre bem,
...é o despertar da justiça social,
...são os Vampiros proibitivamente escutados,
...é o sapato mata barata ao canto
...é o arame farpado do Grafanil,
...é o desfilar da quitandeira,
...é o adorno de missanga,
...é o cigarro fumado para dentro,
...são os temperos de Beatriz(4),
...é a buganvília laranja,
...é a girafa embalsamada do museu,
...são os aceleras na rotunda da alameda,
...é a saída das traineiras,
...são os snipes na baía,
...são os calcinhas de Luanda,
...é a Sra. da Muxima,
...é a formiga salalé,
...é a terra vermelha na sapatilha,
...é a lixeira a céu aberto,
...são as cascas de banana no chão do porto,
...é o sinaleiro da Mutamba,
...é o suor da 1 hora da tarde,
...é o magro salário de Gingolita(5),
...é o prédio azul da Cuca,
...é o poeta visitado na cadeia,
...é o jogo da bola sobre a areia,
...é o cacimbo de Agosto,
...é o espreitar de uma varanda,
... o despertar da puberdade,
...é o "je t'aime moi, non plus",
...é o óleo de dendém,
...são as montanhas de laranjas,
...são as fotos de Catalacassala,
...é a água do Bengo,
...são as enxurradas nas Barrocas,
...é a conversa mole de Conceição(6),
...é trepar a um coqueiro,
...é a alforreca da Corimba,
...é a caldeirada ao domingo,
...é a sombra dum cajueiro,
...é chupar cana no mercado de S. Paulo,
...são as makas do bairro Prenda,
...é o sangue negro igualmente vermelho,
...é a goma do kiabo,
...é a casca da ginguba,
...é gindungo na vez do sal,
....é o amor de coração aberto.
...é o tempo que não volta nunca e por isso me atrevo a localizá-lo numa cidade bela.
Depois há aquele ditado: quem feio ama, bonito lhe parece!
Serão os sentidos que procedem às escolhas?
O registo saudosista pode entorpecer a mente...
...acabo o chá, que já esfriou!
...afinal, todas as cidades são bonitas pois inscrevo nelas o melhor de mim.
(1) Jerónimo - preto de Luanda, limpador de escadas dos prédios dos brancos, sempre atencioso para as crianças.
(2) Jacob - ilustre papagaio, verdadeiro multiplicador de sons, autor de diversas zaragatas animais no bairro Salazar.
(3) Segunda Jamba - preto bailundo de pés duros, esclarecido politicamente, consciente do seu desempenho proletário, e que primeiro (precocemente, talvez) me fez reflectir sobre as assimetrias sociais.
(4) Beatriz - preta quase cega, sem idade definida, óptima a cozinhar e dona de um lindo sorriso, mesmo que desnudado de dentes.
(5) Gingolita - operário de sol a sol, descendente de escravos embarcados para o Brasil, timidamente honesto, humildemente trabalhador fabril.
(6) Conceição - o preto mais malandro de Luanda, gingão, homem de muitas mulheres e de múltiplas dívidas.
(Uma pequena homenagem a todos eles)
Anabela Quelhas
editado em www.sanzalangola.com em 17/08/06

Só para memorizar

A propósito do concerto dos Pedras Rolantes, no proximo dia 12, no estadio do Dragão :
"SEMPRE QUE OUVIR A LINGUA DOS ROLLING STONES... BLBLBLBLBL.... LIGUE PARA A RFM"
"SOLTE O MICK JAGGER QUE HÁ EM SI!!! PARTICIPE!" ...esses publicitários!!!!!:::::