O SILÊNCIO DO KISANJI
Estas manobras urbanísticas ilustram bem como se controla no território,
as possíveis oposições políticas, ou o nascimento de qualquer revolta popular.
A técnica é o controlo, o esmagamento, o estrangulamento, a asfixia, a
paralisia das vontades através do asfalto: não
mata, mas imobiliza — técnica que os urbanistas de Salazar aplicaram com
mestria.
Afinal há dinheiro para o asfalto do B.O.,
o problema é outro.
O museke virado para o seu interior cria a preocupação de o dividir e rasgar na sua parte central por um grande acesso, que possibilite o patrulhamento pela Polícia Militar Portuguesa, assegurando níveis de segurança aceitáveis.
Nos anos setenta, de museke engolido passa a bairro assumido como imagem de tolerância e miscigenação, que convém a Marcelo Caetano.
De museke esmagado passa a museke integrado na malha urbana, de certa forma planeado pela Câmara Municipal, espelho da tolerância dos portugueses e do bom convívio entre raças e origens, passando até por um bairro bem organizado para quem visualizasse apenas a planta da cidade.
Não sonhando ainda com um google earth, só sobrevoando Luanda ou apreciando a vista (...)Labels: LIVROS
1 Comments:
Consegui finalmente adquirir o seu livro.
Informo os interessados que comprei utilizando o pagamento MBway e correu bem.
Comecei a ler e só parei no fim. Fiquei muito entusiasmado desde o início. A autora faz uma abordagem ao crescimento da cidade de Luanda e uma análise muito racional e humanizada aos musseques.
Parabéns. Aconselho.
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