ARKIVÃO

ARKIVÃO - espaço para reunir o que vou escrevendo ao longo do tempo, e que se encontra espalhado por aí; arkitectura, referências a terra de origem, divagações disléxicas; tentativa de organização, mas sem critério e por vezes sem cronologia; organização anárKica, incompleta, de conversa da treta, assinada através de diversos pseudónimos.... mas nem tudo estará aqui. Anabela Quelhas

Wednesday, September 06, 2006

As casas que os arquitectos projectam

As casas que os arquitectos projectam
A casa bomba, é assim que todos a conhecem, fica na Póvoa de Varzim, a poucos kms da cidade do Porto. Deverá ser a obra mais conhecida de todos os arquitectos portugueses, e seguramente a casa portuguesa mais conhecida fora de Portugal.
Construída em 1976, é a 1ª obra emblemática de Siza Vieira - saíu em quanta revista de arquitectura existe por esse mundão fora!
Foi durante muitos anos o oráculo dos estudantes de arquitectura da escola do Porto e não só, que organizavam autênticas romarias para visitar a Bomba Amarela!
Só eu, em dois anos, visitei-a 6 vezes (com acesso ao interior), evidentemente sempre acompanhada por mais 50 colegas, no mínimo, que espreitavámos em todos os cantos e esquinas.
Mirones (voyeurs) a espreitar por cima do muro, devassando a privacidade de quem a habitava, era uma constante.
Foi fotografada e desenhada por milhares de mãos, foi acariciada com o olhar, foi olhada com as mãos, foi sentida, foi cheirada, figurou em sonhos e pesadelos arquitectonicos, foi construída e desconstruída num esforço de interiorização colectivo, foi companheira de estirador, foi cúmplice de decisões, foi modelo no imaginário de todos, foi recriada, foi amada por muitos e odiada por poucos.
- Estão a dormir?
- A gente não incomoda!
- Estão a cozinhar?
- Não há problema, demoramos pouco!
- Estão a almoçar?
- Tudo bem, começamos a visita pelo andar de cima, bom apetite!
- Está alguém doente?
- Não atrapalhamos, as melhoras!
Os habitantes desta casa foram uns autênticos mártires!
Circula o boato que ao fim de uma década de romarias sucessivas, o proprietário e respectiva familia, esgotaram-se pela exaustão, puseram a tal bomba à venda, e tiveram alguma dificuldade em vendê-la.
Fizeram nova casa através de encomenda a um projectista não qualificando, com indicações especiais do tipo "quanto pior, melhor" por forma a garantir sossego e privacidade até ao fim dos seus dias.
Curiosamente não existe uma única foto na net. Não me atrevo a anexar fotografia, para não incomodar os presentes moradores, e aqui, peço humildemente desculpa.
Anabela Quelhas
editado em http://www.sanzalangola.comem 16/02/2006
Como hoje, já recebi na pm-box, várias mensagens de interessados em conhecer esta obra de Siza, e como entretanto consegui descobrir algo da net, vou redireccionar. Bomb House 17/02/2006

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