As casas que os arquitectos projectam
A casa bomba, é assim que todos a conhecem, fica na Póvoa de Varzim, a poucos kms da cidade do Porto. Deverá ser a obra mais conhecida de todos os arquitectos portugueses, e seguramente a casa portuguesa mais conhecida fora de Portugal.
Construída em 1976, é a 1ª obra emblemática de Siza Vieira - saíu em quanta revista de arquitectura existe por esse mundão fora!
Foi durante muitos anos o oráculo dos estudantes de arquitectura da escola do Porto e não só, que organizavam autênticas romarias para visitar a Bomba Amarela!
Só eu, em dois anos, visitei-a 6 vezes (com acesso ao interior), evidentemente sempre acompanhada por mais 50 colegas, no mínimo, que espreitavámos em todos os cantos e esquinas.
Mirones (voyeurs) a espreitar por cima do muro, devassando a privacidade de quem a habitava, era uma constante.
Foi fotografada e desenhada por milhares de mãos, foi acariciada com o olhar, foi olhada com as mãos, foi sentida, foi cheirada, figurou em sonhos e pesadelos arquitectonicos, foi construída e desconstruída num esforço de interiorização colectivo, foi companheira de estirador, foi cúmplice de decisões, foi modelo no imaginário de todos, foi recriada, foi amada por muitos e odiada por poucos.
- Estão a dormir?
- A gente não incomoda!
- Estão a cozinhar?
- Não há problema, demoramos pouco!
- Estão a almoçar?
- Tudo bem, começamos a visita pelo andar de cima, bom apetite!
- Está alguém doente?
- Não atrapalhamos, as melhoras!
Os habitantes desta casa foram uns autênticos mártires!
Circula o boato que ao fim de uma década de romarias sucessivas, o proprietário e respectiva familia, esgotaram-se pela exaustão, puseram a tal bomba à venda, e tiveram alguma dificuldade em vendê-la.
Fizeram nova casa através de encomenda a um projectista não qualificando, com indicações especiais do tipo "quanto pior, melhor" por forma a garantir sossego e privacidade até ao fim dos seus dias.
Curiosamente não existe uma única foto na net. Não me atrevo a anexar fotografia, para não incomodar os presentes moradores, e aqui, peço humildemente desculpa.
Anabela Quelhas
Como hoje, já recebi na pm-box, várias mensagens de interessados em conhecer esta obra de Siza, e como entretanto consegui descobrir algo da net, vou redireccionar. Bomb House 17/02/2006
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