ARKIVÃO

ARKIVÃO - espaço para reunir o que vou escrevendo ao longo do tempo, e que se encontra espalhado por aí; arkitectura, referências a terra de origem, divagações disléxicas; tentativa de organização, mas sem critério e por vezes sem cronologia; organização anárKica, incompleta, de conversa da treta, assinada através de diversos pseudónimos.... mas nem tudo estará aqui. Anabela Quelhas

Friday, September 22, 2006

Ensino

Li em diagonal estas duas páginas, e verifico que já muito se escreveu sobre o nosso ensino, sobre a proposta para remodelação do estatuto da carreira docente, etc.. etc.
(Efectivamente eu terei a sorte de passar a ser professora titular, no entanto o meu colega de grupo, apenas 5 anos mais novo, só o poderá ser daqui a 17 anos, ou seja quando eu me reformar, seja ele competente ou não.)
Para quem não sabe, refira-se que os professores sempre foram avaliados, e a mudança de escalão nunca foi automática. O professor tinha que elaborar um relatório de reflexão sobre a sua actividade escolar, posteriormente apreciado por uma equipa de professores nomeada pelo conselho pedagógico da escola, com a seguinte escala de avaliação: não satisfaz, satisfaz, bom e excelente.
O estímulo ao bom desempenho do professor também está contemplado no actual estatuto, através da avaliação de excelente, só que aos nossos governantes, nunca deu jeito regulamentar devidamente este item do presente estatuto. Ao longo dos últimos 10 anos, alguns professores candidataram-se à avaliação de excelente, entendendo que desenvolveram um trabalho inovador e com qualidade, no entanto o ministério nunca fez um esforço para proceder à tal regulamentação, inviabilizando completamente o tal estímulo referido atrás, e merecido por muitos docentes.
Os professores não precisam de um novo estatuto, precisam que o anterior seja regulamentado na sua totalidade.
Ainda sobre as imagens que passaram na tv sobre o ambiente da sala de aula, que envolvem violência, parece-me que ficou a ideia que seriam situações pontuais passadas nas escolas dos grandes centros urbanos, PURO ENGANO. As imagens são frequentes em todas as escolas, sejam elas dos grandes centros urbanos, ou não. Todos os professores estão familiarizados com isto, seja fora ou dentro da sala de aula. Pois é, agressão, entre alunos é o dia a dia, agressão aos professores são menos frequentes, mas não escolhem, escola nem cidade. Mas mais grave, é verificar-se que o comportamento de muitos alunos, não são mais, do que o reflexo do que se passa no seu meio familiar. Sim os papás destes alunos são iguais ou piores, e irão avaliar (como se pretende) a acção do professor.
Mas tão ou mais grave do que a violência física, é o permanente boicote às aulas e à acção do professor, na sua interacção diária; ou então a turbulência permanente dos alunos que não sabem estar numa sala de aula, pois têm interesses divergentes da escola, obrigando o professor a interromper continuamente a sua aula.
Quero ainda frisar, que não vejo ninguém nos media a reflectir sobre a escolaridade obrigatória, o processo de socialização de alunos problemáticos, etc. etc.
Politicas economicistas e educação, definitivamente, não combinam bem!
Alunos problemáticos só deixam de o ser, se tiveram um acompanhamento quase individual, de um professor. Fica caro ao ministério da educação, mas fica muito barato à sociedade! Acreditem.
Agora, surgem com imensos anos de atraso, saídas através de mais cursos profissionais. Será que a nossa ministra pensa que as antigas escolas industriais ainda tem as mesmas salas e os equipamentos de há 30 anos atrás? (as salas foram adaptadas às novas exigencias da escola, foram subdivididas, transformadas em pequenos auditorios, em polivalentes, mini bibliotecas...). Ou será que ela pensa que para além de toda a polivalência que caracteriza os professores destas últimas décadas, também vão conseguir fazer omoletes sem ovos?
Só para finalizar... dáva-me imenso jeito trabalhar as 35 horas na escola. Poderia esvaziar um compartimento aqui em casa, deixava de carregar diariamente uma pasta cheia de manuais e outros materias de apoio, dava descanso à impressora e ao PC aqui de casa, poupava electricidade e aquecimento no inverno.
Anabela Quelhas
editada em www.sanzalangola.com em 6/06/2006

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