ARKIVÃO

ARKIVÃO - espaço para reunir o que vou escrevendo ao longo do tempo, e que se encontra espalhado por aí; arkitectura, referências a terra de origem, divagações disléxicas; tentativa de organização, mas sem critério e por vezes sem cronologia; organização anárKica, incompleta, de conversa da treta, assinada através de diversos pseudónimos.... mas nem tudo estará aqui. Anabela Quelhas

Thursday, September 21, 2006

M.C. Escher

M. C. Escher (1898-1972)
Enfrentando noitada, atrás de noitada, manuseando a régua e o esquadro, num turbilhão de riscos e rabiscos, envoltos em nuvens de Drums (tabac à rouler), ouvíamos Bowie, ainda revivendo a fase Ziggy Stardust, ou apelando ao Satisfation de Jagger, para espantar a onda de sono, que sorrateiramente nos espreitava, sem dó nem piedade...... foi assim que dei inicio à descodificação de M. C. Escher!
JJJ nas suas viagens, Porto, Utrech, Porto, abastecia-nos de novidades, no mundo das artes, dos conceitos, da música e especialmente da arquitectura. A boa onda de JJJ que não esqueci até hoje!
Sobre os estiradores deslizavam Léon Krier, Rossi, Taffuri, Scarpa, Kahn, em orgias de utopia, que intervalavam com desânimo, cansaço, e motivação para continuar e não desistir nunca!
Escher preenchia as nossas pausas deste fervilhar de ideias colectivas, permitindo a nossa entrada, noutra dimensão, virtual, que necessitávamos com urgência e nos preenchia o sonho, a falta de razão, os paradoxos reencontrados.
Uma perfeita Viagem!!!!!!!!!!!!!!! a outras dimensões do impossível, convertido em possível, em cada pagina, que desfilava diante do nosso olhar e dos nossos sentidos... A ilusão da 3ª dimensão, os erros propositadamente estudados e cuidadosamente desenhados, através da perspectiva rigorosa construída a partir de um jogo intelectual sem limites, assistiam a todo este caldo de conhecimento e reflexão.
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O rigor geométrico na construção de padrões decorativos, utilizando como módulos, peixes, repteis, aves... desdobra-se em malhas geométricas que saiem do conceito do vulgar e entram no mundo fantástico, através do movimento e da ilusão, da sugestão espacial, da metamorfose ilusória.Tudo parece fácil e simples!
Só um génio é capaz de expressar a união e a transição entre a matemática e geometria, traduzindo-a em algo de belo, atraente, que prende o observador e convida-o a investir numa outra dimensão repleta de surpresas. O observador deixa-se seduzir, deixa-se iludir conscientemente e aprecia este acto de evasão, absolutamente novo.
A obra de Escher é toda ela um exercício de rigor e disciplina invulgares, oscilando entre o que é a verdade e o que é a ilusão.
Escher mostra-nos como pode coexistir o côncavo e convexo em simultâneo, como no mesmo momento e no mesmo lugar, se pode subir e descer escadas, como se pode estar dentro e fora... complicado!!! Contraria as leis da física... sem dúvida!!! Onde está um corpo, não pode estar outro!!!!
A utilização frequente do preto e branco, explorando o seu contraste, relaciona-se com o dualismo do seu pensamento e do seu carácter, consciente dos extremos, do Bem e do Mal, do feio e do belo. Escher não é um surrealista é um criador de mundos impossíveis.
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... cada Viagem proporcionava-nos emoções capazes de aquietar ansiedades, de acalmar interrogações constantes, e abria-nos sempre caminhos na resolução de problemas arquitectónicos, que pacientemente nos aguardavam repousando nos estiradores, abandonados ao acaso, mediante a fuga à realidade...
Anabela Quelhas
editado em www.sanzalangola.com em 30/04/2006

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Este é um génio! Vou revisitá-lo, nunca me canso de descobrir pormenores. Gostei de encontrar por aqui também.
Simão

1:49 PM  

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