ARKIVÃO

ARKIVÃO - espaço para reunir o que vou escrevendo ao longo do tempo, e que se encontra espalhado por aí; arkitectura, referências a terra de origem, divagações disléxicas; tentativa de organização, mas sem critério e por vezes sem cronologia; organização anárKica, incompleta, de conversa da treta, assinada através de diversos pseudónimos.... mas nem tudo estará aqui. Anabela Quelhas

Friday, September 01, 2006

Os monumentos


Quero confessar que não gosto de monumentos. De nenhum tipo. Talvez a única excepção seja o Taj Mahal.
Tenho para mim que a maioria, senão todos, os monumentos representam um tributo à vaidade desmedida, mesclado com um desejo de intimidação. Daí a grandiosidade, luxo, tamanho e, certamente, a inutilidade.
Li há muito tempo, que se por acaso, um dia, seres extra-terrestres desembarcassem na Terra e observassem as Igrejas, Vaticano incluido, não teriam como deixar de pensar que seriam casas de pessoas de enorme estatura, dominando sobre as demais.
Que outra razão aliás existe para que as Igrejas tenham torres que se elevam sobre as demais construções? Para os sinos publicitários? Então porque motivo as portas com tamanha altura?
Aliás há uma similaridade interessante entre o desejo de construição de algo alto, como forma de demonstração de sucesso nas mais diversas civilizações.
Foi no seu apogeu que a civilização da Ilha de Páscoa, construiu aquelas estátuas gigantescas, cada vez maiores, exaurindo recursos para ergue-las, a ponto de acabar com todo o meio ambiente. De igual forma, na Itália, no apogeu haviam as famosas torres, tipo da de Piza. Em Bolonha, chegaram a ser centenas, senão milhares, entre os séculos XIV e XV. Cada nobre construindo uma maior que a de outra família, chegando ao cúmulo de sjustificá-las como forma de combate entre si, com arco e flexa, sem terem que sair à rua. Algumas chegaram a ter quase 100 metros com centenas de degraus, como é o caso da Torre Asinelli.Também os egípcios com as pirâmedes, ou os maias e aztecas, tiveram no seu apogeu, a preocupação da construção de "torres" como numa disputa de quem seria mais poderoso. Exatamente no ápice ( epílogo ? ) do apogeu.
Há uma constante entre todas as torres construidas pelas elites de cada civilização. Acabaram sendo derrubadas, pelos outros, como forma de protesto contra a dominação que significavam. Claro que as pirâmedes não são facilmente derrubáveis, no sentido explícito. Foram apenas depredadas..
Talvez este espírito explique a razão do simbolismo da escolha das Torres Gêmeas do WTC, para os atentados de Nova York. Talvez os terroristas buscassem o simbolismo da derrubada do símbolo do Poder, como forma de traduzir que aquele acto, representasse o ápice do apogeu da civilização ( ? ) americana.
Já agora, me perdoem talvez a heresia, mas não consigo ver nenhuma beleza na Torre Eiffel.
Fernando Quelhas
Fernando:
O Taj Mahal também é imponente e tem uma cúpula gigantesca!.... A sua grandiosidade ainda é reforçada pelo espelho de água localizado no espaço em frente, marcando o eixo de simetria, elevando (visualmente) ainda mais as dimensões do edificio.
A sua construção, e o destino dado ao arquitecto autor de uma das maravilhas do mundo, é uma nódoa negra que ofusca tanta beleza...
Apesar de ter sido construído em homenagem ao amor (dizem), pois o o imperador Shah Jahan mandou-o construir em memória de sua esposa favorita, Aryumand Banu Begam, expressa em simultâneo a afirmação do poder num território de grandes assimetrias sociais.
Através dos séculos, os artistas, arquitectos e poetas recorrem frequentemente a símbolos fálicos, transformando-os em símbolos de coragem, poder e patriotismo, de tal maneira que o público em geral, não se tem apercebido da sua origem nem do seu significado!
Acentuar a verticalidade nos espaços construídos seja sob a forma de, torres, estátuas, obeliscos, arranha céus, implica o tal formalismo fálico que simboliza a afirmação e perpectuação do poder - a teoria de estar mais perto de Deus é muito discutível.
Praticamente todas as grandes cidades têm obeliscos e sentem-se orgulhosas por isso.
Encontramos obeliscos na Praça do Vaticano, na Praça da Concórdia, Coluna Trojana em Roma, a Torre Eiffel em Paris, o Monumento a D. Pedro IV no Rossio, em Lisboa, a Torre dos Clérigos no Porto e o Monumento de Washington na capital americana.
Este altos e gigantescos monumentos são assim convertidos, pelo poder instituído, e para o poder, vangloriar o patriotismo e a história de cada nação.
Anabela Quelhas
editado em
Fernando:
Ainda sobre monumentos, estes não necessitam de ser amados, basta que os respeitem!
O teu discurso tem lógica, mas pensa..., se as pirâmides, as estátuas gigantescas da Ilha de Páscoa e os templos gregos, e muito mais.... não existissem, como seria dificil chegarmos ao conhecimento dessas civilizações!... quem se interessaria pelo Antigo Egipto? Quem queria saber da Ilha de Páscoa?!
Felizmente os monumentos transportam informações preciosas ao longo dos séculos, que serão sempre muito úteis e interessantes, até para os extra-terrestres (não minimizes a sua capacidade de entendimento). Por mim, quando eles vierem, prefiro que se interroguem perante os monumentos que restam, e reflictam sobre a nossa estatura, do que se estareçam perante obras mais vulgares, mas de gosto duvidoso, que não espelham nem dignificam a cultura contemporânea, constatando a nossa falta de imaginação e inabilidade estética.
O poder na sociedade, existe, não há como escondê-lo!!!!
(será muito bom que os ETs achem que somos gigantes, antes de tomarem o poder, assim "darão corda aos sapatinhos" e irão embora rápidinho. "A TERRA P'ROS TERRÁQUIOS, JÁ E SEMPRE!") )
editado em www.sanzalangola.com em 31/01/06

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