ARKIVÃO

ARKIVÃO - espaço para reunir o que vou escrevendo ao longo do tempo, e que se encontra espalhado por aí; arkitectura, referências a terra de origem, divagações disléxicas; tentativa de organização, mas sem critério e por vezes sem cronologia; organização anárKica, incompleta, de conversa da treta, assinada através de diversos pseudónimos.... mas nem tudo estará aqui. Anabela Quelhas

Wednesday, October 04, 2006

Efectivamente

O concerto foi um crescendo de emoção.
Junto a mim, a maioria eram cotas, alguns já carecas, outros com uns quilitos a mais.
Todos sabíamos as letras de cor e salteado.
Adoro as pulgas dos cães
Todos os bichos do mato
Efectivamente...
Reininho continua com o seu andar ondulante, como quem anda constantemente numa passarela, ainda mantém essa postura teatral, desde há 30 anos. Não perdeu o tique - mistura de Bowie e dele mesmo. Sublime como sempre! Está no seu melhor!
Já não dá, ja não dei
Já nem sei em quem votei
Já não há, ja não sei
Já nem dou com o D'J
Desfilava pela D. João IV todo vestido de branco, assombrosamente alto, leve, preparado já para os projectos que o aguardavam no futuro. O cimbalino no S. Lázaro...
Recordo o primeiro grande concerto na cidade do Porto.
Como tudo tinha a ver com esta cidade!
Terminámos nas francesinhas da Galiza, até às tantas.
Deitados nas dunas,
alheios a tudo
Olhos penetrantes
Pensamentos lavados
Hoje vestia calças e blazer pretos, e t-shirt vermelha - a lua e a estrela no meio do vermelho. No problems!
Evita o olhar dos mortais que o rodeiam
Esconde-se em mentiras que mesquinhas serpenteiam
Um conceituado profissional da imagem da nossa praça, angolano também, e nessa época ainda um "puto" (oi Paulo C.), foi aconselhado por mim para fotografar Reininho, um ilustre quase desconhecido... e a recomendação para nunca o perder de vista!
- Mas quem é Reininho?
- É o vocalista, o mais alto, tem voz aguda, irónica e em falsete, mas muito bela, canta em tons de azul, como a nossa cidade - respondi.
Não tenho barqueiro
nem hei-de remar
Procuro caminhos novos para andar
E há um prenúncio de morte
Ambos ainda desconhecidos neste país rectangular, ainda sem explorar todas as suas capacidades inatas. Apostamos um jantar, por cada década de sucesso. Adivinhava como inevitável, que o Rui seria uma referência no rock português, dali a uns anos...
Eu quero que você me aqueça neste Inverno,
E que tudo o mais vá pró inferno (original de Roberto Carlos - Rui não sofre de infernofobia)
Já me deves 2 jantares, quase 3, acertamos contas um dia destes - ou Bolsa, ou Pedreiros, escolho eu. Não costumo errar quando dou uma de Pitonísia LOLOLOLO.
As asas servem para voar
Para sonhar ou para planar
Bommmmmm, as películas estrearam-se no tal primeiro grande concerto, e sucederam-se, repetiram-se, multiplicaram-se e evoluíram.
Psicadélico civilizado ele encontrou um rocker cru
Falaram c/punk importado e tentaram criar um blue
Deixamos de tomar cimbalinos no S. Lázaro, passamos a ter compromissos sérios, falta de tempo, a jantar com a família, a ver televisão e a ouvir cds, posteriormente, a conversar ciberneticamente.
Ana lee, ana lee
meu lótus azul,
ópio do povo,
jaguar perfumado,
tigre de papel
O cabelo de Reininho embranqueceu, o nosso também... a voz sempre bela, inconfundível perfeita na comunicação de palavras desalinhadas e irreverentes, continuam a revelar a anarquia do autor, traçada com régua e esquadro nas nossas memórias.
Não economizamos as palmas, nem os encores!
Faz sentido viver!
Osíris
editado em www.sanzalangola.com em 8/07/2006

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