ARKIVÃO

ARKIVÃO - espaço para reunir o que vou escrevendo ao longo do tempo, e que se encontra espalhado por aí; arkitectura, referências a terra de origem, divagações disléxicas; tentativa de organização, mas sem critério e por vezes sem cronologia; organização anárKica, incompleta, de conversa da treta, assinada através de diversos pseudónimos.... mas nem tudo estará aqui. Anabela Quelhas

Tuesday, November 26, 2019

O SILÊNCIO DO KISANJI


Uma obra que narra Angola colonial, com descrição detalhada da malha urbana de Luanda, os musseques, os cinemas e a vida social. Uma atenção especial sobre o Bairro Operário. 

(...)

Estas manobras urbanísticas ilustram bem como se controla no território, as possíveis oposições políticas, ou o nascimento de qualquer revolta popular. A técnica é o controlo, o esmagamento, o estrangulamento, a asfixia, a paralisia das vontades através do asfalto: não mata, mas imobiliza — técnica que os urbanistas de Salazar aplicaram com mestria.

Afinal há dinheiro para o asfalto do B.O.,

                                               o problema é outro.

            O museke virado para o seu interior cria a preocupação de o dividir e rasgar na sua parte central por um grande acesso, que possibilite o patrulhamento pela Polícia Militar Portuguesa, assegurando níveis de segurança aceitáveis.

            Nos anos setenta, de museke engolido passa a bairro assumido como imagem de tolerância e miscigenação, que convém a Marcelo Caetano.

            De museke esmagado passa a museke integrado na malha urbana, de certa forma planeado pela Câmara Municipal, espelho da tolerância dos portugueses e do bom convívio entre raças e origens, passando até por um bairro bem organizado para quem visualizasse apenas a planta da cidade.

            Não sonhando ainda com um google earth, só sobrevoando Luanda ou apreciando a vista (...)
in O silêncio do kisanji" de Anabela Quelhas

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2º livro de uma trilogia que aborda a cidade de Luanda na fase final do colonialismo. Uma análise dos musseques, da vida cosmopolita, dos cinemas, da arquitectura e de lugares comuns vividos por uma adolescente com perspectiva crítica. Aqui estão as referências locais e as referências globais dos anos 60 e 70.
Envio à cobrança ou pagamento MBway.


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